Este foi um título de notícia que, ainda hoje me choca. E por vários motivos.
Confesso que sou uma pessoa que não se choca assim facilmente, e quem me conhece sabe isso, mas este tipo de assuntos mexem comigo.
Mexem comigo porque sou uma pessoa que gosta do que é nosso, gosta do que temos e do que construímos como país no passado. E mexe comigo porque sou uma pessoa com os pés bem assentes na terra, para perceber a podridão em que estamos, o estado em que estamos, a degradação da nossa vida no geral, a degradação de um país, um dia próspero e que hoje se encontra pelas ruas da amargura.
Isto é o estado em que estamos, após 44 anos de políticos em que, na sua grande maioria, trabalhou mal para o país, para os seus cidadãos, para a evolução da nossa sociedade. Os nossos políticos, porque somos nós enquanto cidadãos de Portugal que os elegemos, legislatura após legislatura. Os políticos que nos representam, e nos estão a deixar cada vez mais, um país mais pobre e órfão. E sim, isso choca-me!
Mas este texto não é para falar disto em concreto, um dia lá chegaremos. Este texto é para me expressar, pela repulsa que senti ao ler a notícia sobre o Sr. Manuel Nascimento. A notícia passou pelos diversos diários nacionais, como o Correio da Manhã, Diário de Notícias, Jornal de Notícias e até pelo Observador.
Nesse dia, 19 de Dezembro de 2018 fiquei chocado com estas notícias e quem estava comigo nesse dia, em que falava sobre isto, viu que algumas lágrimas caíram pelo Sr. Manuel. Mas de facto não só pelo Sr. Manuel, mas sim por toda uma situação lamentável. E porquê lamentável? Porque a obrigação do Estado, é cuidar dos seus e mais uma vez, no caso do Sr. Manuel, o Estado falhou com a sua obrigação.
Os fogos em Outubro de 2017 foram uma tragédia nacional, e o rosto do Sr. Manuel é o rosto espelhado dessa tragédia. Um homem, com os seus 82 anos, a chorar no ombro do Presidente Marcelo a dizer ““Não tenho palavras, senhor professor!”. Com a voz engasgada pelas lágrimas, contou que perdeu terrenos, “oliveiras carregadas de azeite” e várias máquinas agrícolas. “Foi tudo à vida!”, disse, para se entregar de novo a um choro violento. “82 anos… é uma vida! E é uma vida a trabalhar para nada!”.”
Um outro rosto dessa tragédia, e de outras semelhantes, é o rosto do Governo, que ainda nos governa. Outro, o do próprio Presidente Marcelo.
As suas culpas são evidentes, pelo menos para mim que olho para estas imagens, para estas notícias e não consigo deixar de as demarcar. Os fogos que têm assolado o nosso país nos últimos anos, todos os que morreram, todos os que morreram após essas tragédias, ano após ano, são uma prova de que os políticos que estão no poder, não fazem tudo ao seu alcance para evitar que tragédias deste tipo aconteçam. Os que estão no poder e todos aqueles que os antecederam. Todos eles são caras destas mortes pois foi através das suas políticas (ou falta delas) que o nosso país está como está hoje. Podre. Pobre!
Todos os políticos desta III República têm a sua responsabilidade, pois todos eles usaram a revolução, as palavras Democracia, Liberdade, Liberdade de Expressão, para fazer tudo, menos o bem ao país e aos seus cidadãos. E tinham todas as ferramentas para tal, mas falharam.
Desde Mário Soares, passando por Freitas do Amaral, Francisco Pinto Balsemão, Cavaco Silva, Jorge Sampaio, José Sócrates, acabando agora em António Costa, todos sem excepção, têm a sua culpa.
Recomendo a leitura do artigo do Observador (aqui) para melhor elucidação sobre o que aconteceu.
Descanse em paz Sr. Manuel Nascimento!
